Um complexo industrial romano em funcionamento no séc. I
HISTÓRIA
A Olaria Romana do “Porto dos Cacos” ou “Canto das Adegas” como é designado localmente é um importante exemplar de um complexo industrial romano em funcionamento entre a segunda metade do século I e as primeiras décadas do século V, especializado no fabrico de loiça doméstica e de ânforas para envase de conservas e outros preparados de peixe, bem como para o transporte de vinho, constituído por olarias com os seus respetivos fornos e entulheiras, em cujas escavações foram encontrados exemplares de ânforas tipo Beltran IV, Dressel 30, Almagro 51C e Almagro 50, além de um inúmero conjunto de cerâmica comum de cozinha.



Associada a estas estruturas foi igualmente detetada uma importante necrópole composta por 37 enterramentos, dos quais foram 24 escavados, onde coexistiam os rituais de incineração e de inumação, com práticas de enterramento até então desconhecidas no território nacional. Esta descoberta parece indiciar a existência nas imediações de um povoado com alguma grandeza, eventualmente um vicus, e atesta a importância científica do sítio justificando uma ocupação permanente.



produção
oleira da época
romana



Este sítio constitui um dos mais importantes centros de produção oleira de época romana até agora identificados no território português, representando um valor patrimonial excecional pela qualidade e monumentalidade dos vestígios já revelados pela escavação, nomeadamente os fornos e diversas estruturas de apoio, um alinhamento de ânforas também sem paralelos conhecidos e as sepulturas de tipologia diversa.



Trata-se de elementos patrimoniais sem paralelos no território nacional, bem conservados, que poderão constituir fonte essencial para reconstituir o quotidiano de comunidades oleiras entre os séculos I e V, clarificar os mecanismos da sociabilidade e da economia regional e reforçar a investigação internacional sobre os grandes circuitos de exportação e larga escala entre as várias províncias do Império Romano.
O espólio está depositado no Museu Municipal de Alcochete, no Centro de Arqueologia de Almada e no Museu do Seixal, e armazenado em 500 contentores.
O sítio foi classificado como de Interesse Público (SIP) pela Portaria n.º 591/2011, pretendendo a Sociedade Agrícola de Rio Frio S.A., em cooperação com o IGESPAR e entidades nacionais e internacionais aprofundar a exploração e conhecimento sobre este importante Centro de Olaria.